Unasul se reúne para eleger Kirchner seu secretário-geral
Veto do Uruguai foi retirado após resolução de conflito em torno de fábrica
SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A LOS CARDALES
O ex-presidente argentino Néstor Kirchner (2003-2007) deve ser eleito hoje secretário-geral da Unasul (União de Nações Sul-Americanas), principal bloco político da região.
Chanceleres e presidentes do bloco, inclusive Luiz Inácio Lula da Silva, participarão de reunião em Los Cardales (a 61 km de Buenos Aires).
A anfitriã, a presidente argentina, Cristina Kirchner, está em campanha pela eleição de seu marido e antecessor. «O candidato argentino é um ex-presidente reconhecido e com bom diálogo político com os principais líderes da região», diz texto divulgado pela Casa Rosada no fim de semana.
O mesmo documento afirma que a candidatura de Kirchner «é abertamente impulsionada pelo Brasil». Diz ainda que os países apoiadores de Kirchner têm consciência da «necessidade de dar um forte apoio ao bloco e emitir um sinal claro de avanço».
O porta-voz de Lula, Marcelo Baumbach, disse ontem que o presidente espera que a eleição de Kirchner «possa marcar nova etapa no processo de consolidação da Unasul, que atravessa momento de indefinição de sua arquitetura institucional».
Opositores do kirchnerismo enumeram entre as razões pelas quais o ex-presidente seria inadequado ao cargo sua parcialidade em favor da Venezuela nos atritos com a Colômbia e o fato de ser o presidente do partido peronista PJ -estando, portanto, comprometido com a representação de uma vertente política de seu país.
A candidatura de Kirchner à Secretaria-Geral da Unasul foi vetada em 2008 pelo então presidente uruguaio Tabaré Vázquez. O veto foi um desdobramento do conflito que opôs os dois países em torno da instalação de uma fábrica de celulose às margens do rio Uruguai, encerrado no mês passado.
Além da candidatura de Kirchner, o bloco deliberará sobre a crise no Paraguai; as medidas para a recuperação pós-terremoto de Haiti e Chile e a possibilidade de o bloco abrir diálogo político com os EUA, além da situação em Honduras três meses após a posse do presidente Porfirio Lobo.
(Fuente: Folha de S. Paulo de 4 de mayo de 2010 cuaderno Mundo)